Aquele Filme

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cinema, do alternativo ao mainstream. indicações, críticas e ensaios. . [email protected] 📧
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Um dos meus filmes favoritos de todos os tempos com certeza é 12 Homens e Uma Sentença, do Sidney Lumet. Cineasta que hoje faria 100 anos, e que possui como alguns dos seus maiores filmes, clássicos como Um Dia de Cão, Serpico, Rede de Intrigas e claro, 12 Homens e Uma Sentença. Um filme de tribunal, mas menos interessado em trazer um veredito, e sim em nos fazer discutir sobre um caso que, gradualmente, vai tecendo linhas sobre a envergadura que rege os conceitos de justiça, punitivismo e sociedade. Uma aula exuberante sobre argumentação, obra que penso ser obrigatória para todo estudante de direito. É impressionante como, mesmo se passando em basicamente um cenário, ele não soa cansativo ou repetitivo. Mérito de uma direção engenhosa que através de seus planos ajuda a crescer a narrativa, e claro, ao primoroso texto que nunca deixa o debate redundante mas sempre progressivo e paulatinamente mais quente e pujante. 12 Homens e Uma Sentença é, essencialmente, sobre o difícil exercício da razão. Sobre como a necessidade de certezas absolutas corrompe a clareza de pensamento. Mais do que isso, o longa-metragem revela a sedução que é analisar o mundo por meio de uma só lente. Quem já viu o filme? Já que ele não está disponível nos serviços de streaming, e visando facilitar a democratização do acesso… quem quiser ver basta sinalizar aqui nos comentários que estaremos enviando um link para que você possa assisti-lo. 📍 #12homenseumasentençaaf #cinema
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9 months ago
Para filmar Blue Valentine, Ryan Gosling e Michelle Williams moraram juntos por um mês. O diretor, Derek Cianfrance, avisou os atores pouco antes das gravações que gostaria que eles improvisassem em quase todas as cenas. Isso deixou Williams apreensiva, mas agradou Gosling, que na época dizia ter dificuldade em memorizar suas falas. O resultado é uma ótima dinâmica entre a dupla — os diálogos são os mais orgânicos e realistas possíveis. O filme originalmente seria rodado na primeira metade de 2008, mas foi adiado devido a morte de Heath Ledger. Os produtores e o diretor decidiram assim em respeito a Michelle Williams, que era namorada de Ledger e inclusive teve uma filha com ele chamada Matilda. Williams ainda foi indicada ao Oscar pela sua excelente performance no filme. Esqueça os tradicionais romances que você conhece, principalmente a idealização cristalizada em torno deles. Este é um drama sobre relacionamentos e aqui temos uma imersão na “realidade” do amor, da memória e do tempo. A narrativa não linear elucida muito bem sua proposta, que é nos levar a essa trama sobre o desgaste. Os realizadores utilizaram câmeras diferentes para rodar as cenas de antes e depois do casamento dos personagens. Para o passado filmaram com uma Super 16mm, que dá uma certa granulação na imagem e em muito emula uma certa nostalgia. Longa independente, que de forma muito madura e honesta nos convida a uma trama sobre relações. Com seus floreios, com seus dissabores e com os lampejos que ecoam no meio disso tudo. O que vocês acham de Blue Valentine/Namorados para Sempre? Quanto dariam ao filme? O filme está disponível na @netflixbrasil . 📍 #bluevalentine #bluevalentineaf #namoradosparasempreaf #cinema #ryangosling #michellewilliams
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9 months ago
Ela está de volta, uma lista bastante querida por aqui! São cenas diferentes, em gêneros diversos, e cada uma me tocou por um motivo diferente. Cada cena dessa obedece a um contexto, logo, se você não viu o filme talvez fique difícil entender o motivo dessa cena estar aqui. Mas se você viu, trate de ajudar os outros a entenderem os motivos desses filmes estarem aqui. Qual dessas cenas também te tocou? Dá uma olhada nas cenas que já foram no guia em nosso feed e deixem as sugestões para uma próxima parte dessa lista. #listasaf
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1 year ago
Imagina assistir Pobres Criaturas e concluir que o filme romantiza a prostituição… Quando o filme inteiro é torneado em como Bella está submetida a uma lógica patriarcal. Desde a figura “paterna” com o God, o “romance” com Duncan, até chegar no segmento da prostituição… o mais frontal em mostrar Bella como um produto subjugado pelo homem. Tenho me preocupado como o público hoje, não consegue lidar com um filme que não lhes diz didaticamente como se sentir a cada cena. Em breve teremos um encarte que surgirá na tela falando: “olha, isso é errado”… “esse personagem é mal”, “nessa cena tem algo ruim.” As pessoas não conseguem mais ler uma alegoria e acham que o meio utilizado para algo, é o lugar final daquele discurso. Como se o público fosse constituído por adolescentes em formação, que não conseguem discernir sozinhas um entendimento, e precisam que o diretor apareça ao final reafirmando o que é ou não moral. Falei a três posts atrás, em um vídeo sobre Avatar, que confundem representação com endosso. Representação não é endosso. Pobres Criaturas esta disponível no @starplusbr 📍 De 0 a 10, qual a nota de vocês? #pobrescriaturasaf #poorthings #emmastone
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5 days ago
A pergunta é: QUAL COMEÇAR PRIMEIRO? #netflix #primevideo #disneyplus #fx #hbo
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11 days ago
Eles querem me convencer que a fotografia de Oppenheimer foi superior a isso aqui. Rodrigo Pietro foi o DOP (Director of Photography) de Assassinos da Lua das Flores. Ele que já havia trabalho com o Scorsese em Silêncio e em O Irlandês, fez esse que para mim é o seu trabalho mais impressionante desde então. Um trabalho esteticamente difícil de ser feito, mas que conseguiu ornar com maestria os sentidos que Martin Scorsese pretendia passar através de suas imagens. Pietro utiliza muitos contrastes e sobras aqui. Em uma trama que se trata sobre lobos vestidos em pele de cordeiro, enquadrar rostos parcialmente iluminados, com um lado propositalmente escurecido em muito é revelador. Sem contar os diversos takes onde estão em quase total contraluz, como quem se escamoteia nas sombras. O plano onde Ernest entra em uma sala repleta de pessoas lhe esperando — o segundo frame do início desse video —, talvez seja o meu favorito do longa. Quase uma pintura de Rembrandt que utilizava como técnica, uma justaposição muito forte entre luzes e sombras, resultando em um efeito visual dramático e poderoso. Meu ranking entre os indicados em fotografia seria assim: 1º - Assassinos da Lua das Flores. 2º - Pobres Criaturas. 3º - El Conde. 4º - Oppenheimer. 5º - Maestro. Qual era o favorito de vocês? #oscar #martinscorsese #rodrigopietro
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12 days ago
Fiz esse vídeo cerca de duas semanas antes da estreia da série, mas por motivos de: o notebook morreu, ele ficou engavetado. Pois bem, ainda pensei em deixá-lo para lá por perder o timming do assunto, mas resolvi colocar para frente para testar esse formato de conteúdo e sentir a recepção de vocês. Aliás, ainda não vi a série, vale a pena? #avatar #netflix
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13 days ago
Atuação do método? QUE NADA! Você já deve ter ouvido falar sobre atores do método. Uma técnica de atuação onde o ator e sua persona tentam se tornam um, buscando total identificação emocional com o papel ao incorporar, fora das câmeras, características e vivências do personagem. Dentre os adeptos, célebres exemplos como DiCaprio dormindo dentro de carcaças de animais e comendo bisão cru para ‘O Regresso’, até mesmo exemplos mais radicais como Daniel Day-Lewis que, ao interpretar um pintor paraplégico em ‘Meu Pé Esquerdo’, mesmo com as câmeras desligas só atendia caso o chamassem pelo nome do personagem, além de andar de cadeiras de rodas durante as gravações — fazendo a equipe até alimentá-lo para que não saísse do papel. Essa abordagem de atuação é controversa e tem sido discutida no meio há décadas. Toni Collette, Isabelle Huppert e Brian Cox são artistas conhecidos por acharem isso uma grande besteira. Este último, até criticou a ideia de mergulhar totalmente em uma performance ao ponto da obsessão. Na época disse: “Eu não entendo muito essa merda americana, de ter que ter uma experiência religiosa toda vez que você faz um papel. É porcaria.” Dá para entender os dois lados, mas confesso sentir um pouco de supervalorização ao enaltecer essas performances do método. Quase como uma parte do jogo de marketing e das espetacularizações que Hollywood tanto adora. Sandra Hüller segue uma outra escola de atuação… uma mais naturalista, que confia no processo das abstrações no qual a arte habita. Pode até parecer frio para muitos, mas também há muito valor, seriedade e compromisso. O que vocês acharam da entrevista? O que acharam da Sandra Hüller em Anatomia de Uma Queda? #sandrahuller
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13 days ago
Eu sei que bastante gente detestou a vitória do Robert Downey Jr. — em especial: parte do twitter —, mas a pergunta que me faço é… você realmente não gostou do que viu ou apenas detesta o homem por detrás do personagem? Tudo bem ter sua preferência, veja, eu preferia o ROBERT DE NIRO por ‘Assassinos da Lua das Flores’ que, em seu respectivo filme, é um vilão ainda mais acentuado e com mais facetas para explorar, mas não é como se houvesse uma grande injustiça na vitória do Robert Downey Jr. Eu acho curioso o fenômeno “não gosto dessa pessoa, logo negarei qualquer virtude que vier do próprio”. Quando o que se deveria estar sendo colocado em debate era a perfomance pela performance e não um ranço pessoal. E tá tudo bem não gostar da performance também, o meu comentário aqui não é sobre isso. O que vocês acharam do Robert Downey Jr. em Oppenheimer? O que acharam do seu Oscar? #robertdowneyjr #oscar #oppenheimer
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14 days ago
Há dois lados a se observar nesse recurso impressionante, gerado por Inteligência Artificial. Aliás, Duna foi filmado em 2.39:1, um horizontal ainda mais expansivo do que o tradicional 16:9. Para quem trabalha com audiovisual, a possibilidade de gerar um vídeo vertical a partir das imagens que foram captadas na horizontal, sem precisar ampliar consideravelmente a imagem, é uma benção. Para quem adora cinema e trabalha com cinema, essa é uma aberração estética por alguns motivos. E é curioso como uma simples mudança de razão de aspecto muda todo o tom cinematográfico do material. Lógico que o costume de ver na horizontal denuncia essa estranheza, mas nossa visão também se ordena em linhas horizontais. Também há algo de poderoso na composição horizontal que se perda com o alongamento na imagem. A imagem vertical, tende a deslocar uma cena de uma perspectiva mais coletiva — personagem & espaço — para uma mais individual, enquadrando um objeto por vez, quase sempre em plano fechado. No horizontal, a escolha por aquilo que queremos mostrar é mais minuciosa. A mise-en-scène, ou seja, aquilo que colocamos em cena, revela aquilo que realmente precisa ser revelado. Enquanto a demanda pelo vertical parte mais da forma de consumo via smartphones, sem necessariamente uma finalidade estética por detrás. Pelo menos em sua grande maioria, já que já existem festivais de cinema verticais. Longe de mim ser um purista e tentar reduzir o potencial transgressor da arte, mas torço para que essa “inovação” só fique pelas bandas do tiktok mesmo. O que vocês acham desse recurso da IA? #duna #cinema
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15 days ago
Em homenagem ao Oscar 2024, ELE VOLTOU! O quadro “Cenas que Me Deram Arrepios” retorna para uma edição especial. Obviamente, se você não viu algum filme em questão, talvez tenha dificuldade em entender o motivo da cena estar aqui. O “discurso pós-bomba” em Oppenheimer, mostra a epifania do cientista ao se dar conta do lastro de destruição que agora será seu legado. Aterrorizante, como bem deveria ser. A “passagem” em Assassinos da Lua das Flores é belíssima… ao silenciar a cena, um tom de respeito e sublimação por aquele momento tão simbólico de perda e luto. O monólogo de Sandra Hüller em Anatomia de Uma Queda é a joia da coroa da perfomance fantástica da atriz. Ainda sobre relações, o de Vidas Passadas é uma facada agridoce ao peito. Dois filmes extremamente honestos que gravitam entorno de relacionamentos. Também houveram grandes relacionamentos não “românticos”, o que falar dessa cena do Paul Giamatti em Os Rejeitados? uma piada interna que me rasgou ao meio e deixou meus olhos marejados. O monólogo da Glória de América Ferreira em Barbie emocionou milhares. Um discurso-desabafo que externou o nó na garganta de muitas mulheres. E ainda sobre desabafos, o encerramento de American Fiction é daqueles finais que nos lembra que ainda há muito pelo que se lutar. E por falar em encerramento, as sequências finais de Segredos de Um Escândalo e Zona de Interesse são magistrais. No primeiro, um momento revelador da intérprete se entregando ao desejo e se tornando igual a sua biografada, no segundo, um olhar para a herança e o legado do holocausto no presente, em meio aos trabalhadores realizando seus trabalhos corriqueiros. #cinema #oscar24af
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16 days ago
O corajoso discurso de Jonathan Glazer! O diretor por detrás de Zona de Interesse, um cineasta judeu comparando o genocídio do seu povo com o que acontece atualmente em Gaza. ‘Zona de Interesse’ é um filme denso sobre a desumanização, sobre a banalização da barbarie. E como bem disse Glazer, esse não é um filme sobre “olha o que fizeram”, mas sim sobre “vejam o que fazemos agora”. A recepção reticente de parte da plateia, mista entre aplausos e contenção, só exemplifica o quão corajoso, necessário e importante foi esse momento. Pena mesmo é ver tanta gente que diz ter detestado o filme, e que “nada acontece nele.” Obviamente todas as leituras são possíveis, mas “nada acontecer” é talvez atestar ter perdido qualquer entrelinha. Felizmente ainda há formas alternativas e particulares de se contar histórias, Zona de Interesse também é um filmaço sobre ensurdecimentos seletivos, e isso reflete não todas, mas algumas indiferenças e faltas com sensibilidade. O que acharam do filme? Vídeo via @cine.ninja 🎥 #cinema #zonadeinteresseaf
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17 days ago